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segunda-feira, 29 de outubro de 2012

Palestra sobre a necessidade do reinado social de Cristo - Pe Daniel Maret (FSSPX)

Alguns pretendem dizer que o reinado de Cristo não é na Terra. É somente no céu. Isso não corresponde a história e não corresponde ao próprio evangelho. Então vamos tentar ver historicamente como se dá esta realeza de Jesus. 
Como se vê nos evangelhos, Jesus recusou a coroa que os judeus lhe ofereceram. Ele não queria esta realeza a moda judaica, isto é segundo um messianismo temporal que pretende substituir os reinos existentes a fim de escravizar todos os povos, colocando-os a serviço do povo eleito. Deus não queria dessa forma, por isso que recusou. Evidentemente segundo a tradição judaica, a única maneira de o messias aparecer, seria como um rei. Isso é verdade, aliás uma verdade constante, o filho do rei Adão deve ser um rei. Mas há realezas e realezas e Jesus vem estabelecer uma realeza especial, que tem a característica de ser universal, acima de todas as autoridades para ter uma influência sobre todas elas e não fazer um reino particular entre os reinos já existentes em que o seu reino suplantaria todos os reinos à moda terrena. O reino de Jesus é transcendente. 
Primeiro, há a concepção de que Jesus vem como restaurador das obras de seu Pai. Ele não renega o que fez o Seu Pai. Todas as autoridades vem do Seu Pai, de Deus e devemos respeitar todas as autoridades por amor a Jesus Cristo, na fidelidade de Jesus Cristo. O desejo de ver triunfar a verdade nas autoridades é o que se espera. 
Então se vê que muitas vezes se ouve falar que Jesus nunca fez política, economia, obra social e isso não é verdade. O fato é que Deus, Jesus Cristo, restabeleceu os princípios  de toda a vida social, por isso é preciso analisar o evangelho no contexto histórico no qual Jesus apareceu. 
Jesus apareceu em um mundo que era socialmente oriental, culturalmente greco e economicamente romano. Cada uma dessas orientações dadas respectivamente pelos essênios, saduceus e fariseus. Jesus não vai apoiar os saduceus, tampouco os essênios, os fariseus menos ainda e condenou a posição de cada um deles. Cristo não apresentou uma religião apolítica, como os essênios pretendiam, mas apresentou uma linha social, uma linha política, uma linha doutrinária por isso que os cristãos, naturalmente a tradição
Por isso que naturalmente a tradição cristã transmite valores sociais e com a presença da igreja na sociedade tem-se um resultado político e social. Isso é interessantíssimo.
Desta maneira, na história da igreja pode-se verificar o seguinte:

  • O choque da Igreja Católica com o mundo antigo (judaico, grego e romano)
    O mundo judaico representa todo fundamento da piedade religiosa, o mundo grego representa toda a cultura e o mundo romano toda a política e o exercício de autoridade. Cristo vai dar orientações aos gregos, aos romanos e aos judeus de forma a gerar orientações sociais, políticas e religiosas.
Apesar de em número inferior, em Roma começou toda uma obra social em que os católicos cuidavam de cerca de 5000 pessoas como doentes, órfãos enfim pessoas rejeitadas pela sociedade. Essa prática começou a chamar a atenção da civilização. 
Por exemplo, os pobres eram instrumentalizados pelo estado. No mundo pagão o imperador fornecia pão, jogo , fartura para acalmar o povo já que precisava de uma calma política. De forma que a vida social era sob certo aspecto calculada, mas não havia uma preocupação social. Foi a Igreja que instalou no mundo pagão essa preocupação e essa ideia vai crescer e se impor. 
Foram precisos 3 séculos de perseguição, de afronta contra este espírito (tal perseguição que provocara milhares de conversões) e assim sendo perseguida a Igreja vai crescer, quando finalmente no séc IV tem-se o triunfo do cristianismo no momento em que o imperador Constantino cria um edito para oferecer liberdade religiosa a Igreja Católica (a Igreja vai sair das catacumbas).
Obviamente ainda havia o culto pagão, mas agora a Igreja começa uma luta frente a frente entre a concepção da sociedade pagã e a concepção cristã e em menos de 1 século a Igreja vai triunfar ao ser reconhecida como uma religião mais útil, mais favorável ao estado e à sociedade, se tornando a religião oficial do estado. A religião pagã vai ser condenada e ser associada ao prejuízo da sociedade. Assim , o catolicismo na sua obra social vai ser reconhecido como melhor apoio para a obra social, para a prosperidade do estado, suprimindo a corrupção e outros crimes em geral.
Depois os cristãos vão começar a desempenhar cargos na sociedade que vão revelar aos pagãos a superioridade da concepção cristã. Se vê como Jesus virá a reinar. Isso é o reino social de Nosso Senhor Jesus Cristo.
A segunda etapa é marcada historicamente pela invasão dos bárbaros. Os bárbaros vão destruir todas a estrutura social existente e mundo romano vai cair, quer dizer, a organização social romana sucumbirá. Todos os valores sociais, políticos vão ser destituídos pelos bárbaros que vão despojar a sociedade romana de todos os seus tesouros e instalar a bagunça e a violência por todo o império. Assim é que Jesus Cristo vai reinar sobre essa situação e vai exercer o seu poder através da Igreja Católica, conservando os valores do mundo antigo, os valores culturais gregos, os valores políticos do mundo romano e transmitindo, melhorando e purificando-os. Com o apoio dos bárbaros, a igreja vai reconstruir a sociedade com a ajuda da piedade, ensinando aos bárbaros  como exercer autoridade. E assim, os bárbaros vão aos conventos ver o exemplo dos monges, a organização dos conventos, seguir o exemplo dos bispos, o exercício de poder dos bispos, sendo que os bispos se tornaram referência de forma que por todos os lugares dizia-se que debaixo do báculo do bispo florescia a prosperidade, o fim das brigas etc, mostrando o bispo como um pacificador e ordenador da sociedade.
Foi através desse exemplo associado com a doutrina da Igreja que todo esse mundo romano foi melhorado e cristianizado , dando origem a era medieval. Jesus vai exercer o seu reino sobre as inteligências, sobre as autoridades para formar esse período da Idade Média apenas seguindo o modelo do evangelho.
Então , com poucos recursos materiais, a Igreja Consegue fundar uma sociedade evoluída e realizar obras que vão ficar por toda a eternidade como as universidades, a organização social, arquitetura, urbanização. Se estudarmos e aplicarmos os princípios da urbanização, a disciplina no exercício da inteligência, o método da ciência, se os aplicarmos, teremos alto grau de sucesso. Isso é o fruto do reino de Jesus através de sua Igreja.
Agora, o demônio não deixou realizar esta obra até o fim e começou a suscitar nos meios intelectuais todo o movimento da Renascença, a revolução. Embora a Igreja tivesse criado todas as condições necessárias para  a cultura, foram exatamente pessoas de dentro desse ambiente que se apoderaram da cultura para fazer a obra revolucionária da Renascença e vão utilizar os meios próximos da Igreja, próximos de Roma, pessoas designadas pelo papa, que entraram nesse projeto que é a revolução, onde se vê triunfar o orgulho humano, que quer destronar Jesus Cristo para endeusar o homem.
Esse empreendimento vai causar a primeira revolução em Roma e depois vai se arrastar para a Alemanha, França e outros países, causando todo um movimento humanista orgulhoso que pretende restaurar o paganismo, retirando todos os esforços da Igreja para cristianizar essa cultura pagã.
Obviamente, várias revoluções vão sair dessa corrente. A primeira revolução é a revolução protestante, depois a maçonaria que vai gerar a revolução francesa e finalmente a revolução materialista comunista. Isso vai ocasionar um novo espírito, que será o espírito moderno. Um espírito que quer se desfazer da tutela da Igreja e que quer fundar uma sociedade sem a participação da Igreja, sem os valores da revelação o que vai ser a maçonaria.  Depois o demônio limitou o esforço que a Igreja, mas apesar desses obstáculos, a Igreja vai continuar a desenvolver essa doutrina do Reino Social de Jesus Cristo, vai criar diversos movimentos sociais católicos para resolver esse problema dramático dos operários que é um problema surgido por causa da revolução pagã, que pretende criar uma sociedade do trabalho sem a moral católica, criar uma identidade econômica sem a doutrina cristã.
Então vamos assistir a uma luta entre a Igreja que vai cada vez mais definir melhor toda sua doutrina social que ela praticou desde o início, mas que com todos os ataques se fará necessária uma definição do valor dessa doutrina social. Em contrapartida, o mundo demonstrará o fracasso social dessa doutrina que quer renegar esse reino de Jesus Cristo. Ou seja, o mundo atual está a nos apresentar uma confirmação da necessidade do reino de Jesus Cristo para que as coisas humanas funcionem.
Viva Cristo Rei.

(Palestra proferida em 29/out/2012 em Campos/RJ)

domingo, 28 de outubro de 2012

Sermão de 28/10/2012 - Pe Daniel Maret [Fragmento]

[...]Pilatos não acreditava na verdade, era um agnóstico, um pragmático. A verdade para ele era o que é útil. Esta maneira de exercer autoridade era uma maneira indigna, porque sem Jesus, os homens não sabem exercer a autoridade. 
Claro que no paganismo há alguns exemplos de exercício de autoridade pelo menos bons, mas sem duração, sem permanência. Foi muito breve na história humana alguns exemplos como estes e estavam centrados em interesses particulares, sob utilização das necessidades, mas nunca os homens conseguiram por muito tempo exercer essa função social. Por isso que Jesus, o messias, quis vir restaurar todas as coisas, restaurar tudo: a criação geral, o sacerdócio e a autoridade. Assim Jesus Cristo é Deus, sacerdote, sumo sacerdote e rei, isso não pode ser de outra maneira.
Os modernistas pretendem que , sob uma certa interpretação do texto evangélico, que o reino de Jesus não devia se exercer na Terra, que Jesus , no seu reino, não devia se intrometer nas coisas humanas e que o reino de Jesus começa na eternidade, se exerce na eternidade sobre os santos, mas não vem se intrometer nas coisas humanas. Por isso que os modernistas renegarem esta festa [Festa de Cristo Rei] para o fim do ano para mostrar que enquanto a igreja apresenta as realidades do fim do mundo, os modernistas apresentam a realidade de Cristo Rei no fim do mundo.  Isso não é católico. A nossa fé a Jesus Cristo confessa que Cristo na sua realeza exerce sua autoridade de rei na sociedade humana; ajuda o pai a exercer sua autoridade; o rei, o príncipe, o presidente... Por isso que o estado quer se separar da Igreja Católica, que não quer o ensino do evangelho, quer somente os valores humanos (como o ideal da maçonaria - que a família humana se governe sem a ajuda de Jesus, sem a ajuda da Igreja) e esta ideia adentrou a Igreja Católica, primeiro através das correntes liberais, e agora através das correntes modernistas.  Por isso que nós devemos aproveitar essa festa de Cristo Rei para manifestar a nossa fé, que deve combater a corrente liberal e a corrente modernista. Temos que dizer que se o reino de Jesus não veio para substituir o exercício da autoridade humana, mas veio para reformá-la, ele vai retornar. Por isso que a verdade do evangelho serve para a política, para a economia, serve para todas as obras sociais. A igreja não só serve para a piedade, mas serve para tudo, para reformar tudo, todas as instituições. Assim é que a sociedade não pode ser laicista. A sociedade deve ser forçosamente católica, essa a sua vocação. Na sua autoridade, Jesus tem essa pregação: quer reinar sobre os homens para fazer triunfar a verdade do evangelho nas constituições. Isso que é o nosso combate. Um combate não só pela missa, mas um combate que vem da missa.
É diante do altar que o rei vai aprender a governar.
No Brasil , com toda esta corrupção, com todo esse exercício corrupto da autoridade, os príncipes, os presidentes, aqueles que assumem funções sociais deviam se ajoelhar diante do altar para renunciar a tudo, para se apresentar disponível a servir o bem comum de uma maneira desinteressada. Isso que é o mistério católico. O mistério católico é para nos corrigir da nossa ganância, do nosso interesse quando exercemos uma função.
Então devemos rezar a Cristo Rei para melhor exercer na nossa inteligência a submissão a fé, submeter todos os movimentos do nosso coração debaixo da lei de Jesus e depois obter uma função social que tenha a preocupação de conhecer a doutrina social da Igreja, de conhecer como se exerce a justiça do evangelho em cada exercício de função e assim a sociedade se tornará um meio para confessar a fé católica, se tornará um monumento católico, que vai ser uma fonte de graças atuais para inúmeras almas - pessoas que querem viver em sociedade - , uma sociedade com valores humanos restaurados e ao mesmo tempo valores cristãos de salvação, de misericórdia. Isso permitirá que muitos homens, tendo acesso a riqueza da fé católica, possam cumprir suas aspirações profundas que é de ser feliz sempre. Somente em uma sociedade católica é que o homem vai encontrar os meios para realizar esse seu destino, de regular as suas paixões e de encontrar todos os meios para se converter e cumprir tal destino que é a felicidade eterna.
Rezemos a Nossa Senhora Aparecida  que nos ajude a recolocar no trono o seu filho amado. 
Que Jesus reine sobre nosso coração, sobre nossa vida e sobre nossa sociedade.



Pe Daniel Maret é prior do priorado José de Anchieta, filial da Fraternidade São Pio X no Brasil

obs.: Devido seu sotaque não consegui transcrever seu texto na íntegra.