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domingo, 29 de março de 2015

Domingo de Ramos: Utilidade da Paixão de Cristo como exemplo.

Como disse S. Agostinho: "A Paixão de Cristo é suficiente para ser modelo de toda a nossa vida". Quem quer que queira ser perfeito na vida, nada mais é necessário fazer senão desprezar o que Cristo desprezou na cruz, e desejar o que nela Ele desejou. Nenhum exemplo de virtude deixa de estar presente na cruz.
Se nelas buscas um exemplo de caridade, "ninguém tem maior caridade do que aquele que dá sua vida pelos amigos" (Jo 15, 13). Ora, foi o que Cristo fez na cruz. Por isso, já que Cristo entregou a sua vida por nós, não nos deve ser pesado suportar toda espécie de males por amor a Ele. "O que retribuirei ao Senhor, por todas as coisas que Ele me deu?" (Ps. 115, 12).
 
Se procuras na cruz um exemplo de paciência, nela encontrarás uma imensa paciência. A paciência manifesta-se extraordinária de dois modos: ou quando alguém suporta grandes males pacientemente, ou quando suporta aquilo que poderia ser evitado e não quis evitar. Cristo na cruz suportou grandes sofrimentos: "Ó vós todos que passais pelo caminho parai e vede se há dor igual à minha!" (Lm 1, 17), e os suportou pacientemente, "como a ovelha levada para o matadouro e como o cordeiro silencioso na tosquia" (1 Pd 2, 23). Cristo na cruz suportou também os males que poderia ter evitado, mas não os evitou: "Julgais que não posso rogar a meu Pai e que Ele logo não me envie mais que doze legiões de Anjos?" (Mt 26, 53). Realmente, a paciência de Cristo na cruz foi imensa! "Corramos com paciência para o combate que nos espera, com os olhos fitos em Jesus, o autor da nossa fé, que a levará ao termo: Ele que, lhe tendo sido oferecida a alegria, suportou a cruz sem levar em consideração a sua humilhação" (Heb 36, 17).
 
Se desejares ver na cruz um exemplo de humildade, basta-te olhar para o crucifixo. Deus quis ser julgado sob Pôncio Pilatos e morrer: "A vossa causa, Senhor, foi julgada como a de um ímpio" (Jo 36, 17). Sim, de um ímpio, porque disseram: "Condenemo-lo a uma morte muito vergonhosa" (Sb 2, 20). O Senhor quis morrer pelo seu servo, e Aquele que dá a vida aos Anjos, pelo homem: "Fez-se obediente até à morte" (Fl 2, 8)
 
Se queres na cruz um exemplo de obediência, segue Àquele que se fez obediente ao pai, até à morte: "Assim como pela desobediência de um só homem, muitos se tornaram pecadores; também pela obediência de um só homem, muitos se tornaram justos" (Rm 5, 19).
 
Se na cruz estás procurando um exemplo de desprezo das coisas terrenas, segue Àquele que é o Rei e o Senhor dos Senhores no qual estão os tesouros da sabedoria, mas que na cruz aparece nu, ridicularizado, escarrado, flagelado, coroado de espinhos, na sede saciado com fel e vinagre e morto. Não deves te apegar às vestes e às riquezas, "porque dividiram entre si as minhas vestes" (Sl 29, 19); nem às honras, porque "Eu suportei as zombarias e os açoites"; nem às dignidades, porque "puseram em minha cabeça uma coroa de espinhos que trançaram"; nem às delícias, porque "na minha sede deram-me vinagre para beber" (Sl 68, 22)
        
In Symb.
 
(P. D. Mézard, O. P., Meditationes ex Operibus S. Thomae.)

Fonte: http://www.permanencia.org.br/drupal/node/2102

terça-feira, 5 de agosto de 2014

São Bernardo - Sermão no Domingo de Ramos I

Sobre a procissão e a paixão

1.Com grande acerto, como tem o Espírito de seu Esposo e de seu Deus, a igreja hoje une, com admirável e nova sabedoria, a procissão e a Paixão. A procissão suscita felicidades e a Paixão, lágrimas. Como ao serviço de sábios e ignorantes, intento explicar a todos o fruto desta união.
E começarei referindo-me aos frutos do mundo, porque não é primeiro o espiritual, senão o animal. Que o homem mundano observe e compreenda que a alegria termina no pesar. Por isso, aquele que praticou e ensinou tantas coisas, quando se fez homem quis demonstrar pessoalmente com sua palavra e seu exemplo o que nos havia dito muito antes pela boca do profeta: "Toda carne é grama, e sua beleza como flor campestre " e manifestando-se na carne se empenhou em experimentá-lo em si mesmo. Aceitou, pois, o triunfo da procissão, consciente de que estava já iminente o dia terrível de sua morte.
Poderá alguém fiar-se da glória versátil do mundo se contempla o santo por excelência e ademais Dono supremo do universo, passando tão rapidamente da vitória mais sublime ao desprezo mais absoluto? Uma mesma cidade, as mesmas pessoas e em uns poucos dias passeia triunfantemente entre hinos de louvor e depois é acusado, maltratado e condenado como um malfeitor. Assim acaba a alegria caduca e a isto se reduz a glória do mundo. O Profeta pede que o Senhor viva em uma glória perene; quer dizer, que à procissão não acompanhe a Paixão.
2.Vós, em contrapartida, sois espirituais e podeis captar uma mensagem espirital: por isso os apresentamos na procissão a glória da pátria celeste, e na Paixão, o caminho que conduz à ela. Oxalá que a procissão te recorde o gozo e alegria incomparáveis do nosso encontro com Cristo no ar, enquanto somos arrebatados nas nuvens. E que te consumas no desejo de ver o dia glorioso em que Cristo entrará na Jerusalém celestial. Ele irá como cabeça de um grande corpo; içará o troféu da vitória, e não receberá os aplausos de uma turba vulgar, mas sim aquele hino dos coros angélicos e dos povos da antiga e da nova aliança: "Bendito o que vem em nome do Senhor".
A procissão te diz aonde nos dirigimos, e a Paixão nos mostra o caminho. Os sofrimentos de hoje são a trilha da vida, a avenida da glória, o caminho da nossa pátria, a calçada do reino, como grita o ladrão crucificado: "Senhor, lembra-te de mim quando chegares ao teu reino." O vê caminhar até o reino e lhe pede que, quando chegue, se lembre dele. Também ele chegou, e por um atalho tão curto que naquele mesmo dia mereceu estar com o Senhor no paraíso. A glória da procissão torna suportável a angústia da Paixão, porque "nada é impossível para aquele que ama".
3.E não se estranhe nada ouvir que esta procissão é símbolo da celestial, já que ao mesmo se recebe em ambas, ainda que as pessoas e o modo sejam muito diversos. Nesta procissão, Cristo vai sentado em um bruto animal; naquela, ao contrário, haverá animais racionais, como diz a Escritura: "Senhor, tu salvas a homens e animais." Recordemos aquela outra passagem que diz: "Sou como um animal ante ti e estarei sempre contigo". E continua referindo-se à procissão: "Tú agarras minha mão direita, me guia segundo teus planos e me levas a um destino glorioso."
Nem sequer faltarão ali os burrinhos, ainda que murmure o herege que não deixa vir as crianças e lhes nega o batismo. Também ele foi criança e quis ver-se acompanhado de uma série de crianças: os inocentes. Não exclui de sua graça as crianças, porque não desmente sua misericórdia, nem está em desacordo com sua majestade que o dom da graça supre as limitações da natureza.
Aquele gentio não calçará o caminho com ramos nem pobres mantos, sem que os animais simbólicos dobrem suas asas, os vinte e quatro anciãos ofereçam suas coroas ante o trono do Cordeiro, e todos os coros angélicos lhe brindaram e lhe dedicaram sua glória e formosura.
4.E já que temos falado do asno, dos mantos e dos ramos de árvore, quero fixar-me com mais atenção nas três classes de ajuda que se oferecem-lhe nesta procissão do Salvador. A primeira a dá a jumenta em que estava montado, a segunda os que estendem seus vestidos e a terceira os que cortam ramos de árvores. Não os parece que todos os demais lhe apresentam o que lhes sobra, e honram ao Senhor sem molestar-se em nada, a exceção da jumenta que se oferece o mesmo?
Me calo para evitar o perigo da vaidade ou fala para encorajá-los? Eu creio que esse asno em que Cristo vai sentado sois vós que, na frase do Apóstolo, "glorificais e levais a Cristo com vosso corpo". Os prelados cortam ramos de árvores quando falam da fé e obediência de Abraão, da castidade de José, da mansidão de Moisés ou das virtudes de outros santos. Não fazem mais que tomar-lo de seus bens  diversas despensas e devem distribuir gratuitamente o que receberam de balde. Se todos cumprem fielmente seu ministério, é indubitável que participam da procissão do Salvador e entram com ele na cidade santa, porque o Profeta predisse as três classes de homens que se salvarão: Noé cortando ramos para fazer a arca, Daniel que com seu jejum e abstinência se converte no jumento que leva o Salvador e Jó que faz bom uso dos bens desse mundo e abriga aos pobres com a lã de suas ovelhas. Quem está mais perto de Jesus nessa procissão? Quem dos três está em contato mais imediato com a salvação? Creio que é muito fácil compreender.

(fonte: San Bernardo, obras completas IV, Sermones Litúrgicos (2º volume), BAC, pág 17 Tradução nossa)

sexta-feira, 30 de maio de 2014

E sereis como deuses

Descartes ao dizer "cogito, ergo sum" tira o ser como fundamento da realidade e coloca o sujeito. é um pequeno passo para um homem, mas um grande passo para o humanismo. Analogamente, no direito civil, o indivíduo tira o direito como fundamento da lei e coloca a si mesmo como o fundamento jurídico. No campo da ciência, retira-se o objeto de estudo para colocar-se o "eu", a minha ciência. No campo da moral, o amor se reduz ao âmbito do amante e não do amado.
Ora, se a concepção de Descartes não era a realidade, mas a ideia, logo a concepção atual da ciência jurídica não é o direito, mas a ideia do indivíduo, isto é, a lei. Da mesma maneira, na ciência pós-cartesiana, o objeto de estudo é um conjunto subjetivo de asserções, isto é, leis, sem fundamento na realidade, mas com fundamento no sujeito.
Fica claro porque os homens estão mais acorrentados após o humanismo do que antes dele: cada indivíduo elevado a condição de um deus com suas próprias leis, ciências e realidades artificiais condimentada por amor próprio (egoísmo) só pode resultar em verdadeiros tiranos. 
O humanismo é, em outras palavras, anti-humano.

quarta-feira, 4 de dezembro de 2013

Breve Síntese de um longo documento

Características Negativas
Augusto del Río

  1. Quer mais poder para as conferências episcopais, "uma autoridade doutrinal" (32);
  2. O essencial é a beleza do amor salvador de Deus manifestado em Jesus Cristo morto e ressuscitado, sem referenciar a dívida criado pelo pecado original (36);
  3. O Evangelho seria responder ao Deus que nos salva, mas não cita de que nos salva (39);
  4. Torna suspeito qualquer anúncio doutrinal, já que se não se anuncia o Deus que nos ama, isso é resultado de sotaques doutrinais ou morais que procederiam de opiniões ideológicas (39);
  5. Fala das distintas linhas de pensamento filosófico, teológico e pastoral, colocando-os na mesma sacola, como se a legítima liberdade que pode haver em linhas pastorais fosse a mesma liberdade que as diversas correntes teológicas e teológicas ilegítimas possuiriam, apesar de serem um obstáculo para uma apresentação clara da fé católica(40);
  6. Comete o erro de dizer que uma linguagem completamente ortodoxa não é condizente com o evangelho de Jesus Cristo, já que não se adaptaria as diversas linguagens utilizadas pelos fiéis (41);
  7. Em seguida, chega a afirmar que "com a santa intenção de comunicar a verdade sobre Deus e sobre o homem, comunicamos um falso Deus com ideais humanos que não são propriamente cristãos", embora jamais faça alusão a que caso concreto se refere;
  8. Diz que a expressão da verdade pode ser multiforme, ao contrário da Humani Generis de Pio XII, que afirma que a sabedoria perene consagrou as fórmulas para a expressão da verdade católica;
  9. Cita Santo Tomas de forma incompleta, ao dizer que os preceitos dados por Cristo e seus apóstolos são pouquíssimos. Santo Tomás se referia a comparação entre os preceitos meticulosos da antiga lei e os preceitos de ligeiros de Cristo. No entanto, Santo Tomás afirma que são poucos os preceitos acrescentados aos 10 mandamentos por Cristo. No contexto, o papa dá a entender que são tão poucos os preceitos que não é preciso insistir neles e que constituiria um obstáculo a tentativa de ligá-los (43). Ademais, não menciona a lei natural impressa por Deus em nossas consciências.
  10. "As portas dos sacramentos não deveriam ser fechadas" (47).  Não esclarece quais seriam essas razões, o que permitiu que o jornal "La Nación" interpretasse a liberdade para comunhão dos casais divorciados.
  11. Fala de não sermos controladores da graça e que a Igreja não é uma fronteira, quando sabe perfeitamente que Cristo ordenara que não se atire pérolas aos porcos e do cuidado da Igreja para que o sagrado não seja pisoteado.
  12. Diz que prefere uma Igreja suja, manchada e ferida por sair as ruas do que uma  Igreja doente pela reclusão, afirmação tipicamente dialética sem substância.
  13. Põe em dúvida as normas da Igreja, que, segundo ele, nos tornam juízes implacáveis.(49)
  14. Ataca os grupos tradicionalistas de forma indireta: "formas exteriores de tradições de certos grupos  ou supostas revelações particulares que se absolutizaram."(70)
  15. Considera que as advertências sobre o fim dos tempos e a apostasia são pessimismos paralisantes e estéreis (84), e cita, para rebatê-las, a declaração de João XXIII na abertura do Concílio Vaticano II, que condena os profetas de calamidades, passagem que se sabe perfeitamente se referir ao segredo de Fátima. O curioso é que o papa Francisco também fala de não cair em otimismos ingênuos, ainda que esse mesmo discurso caia nesse mesmo otimismo.
  16. Repete alguns de seus típicos "bergoglemas" quando afirma: "Sentimos o desafio de descobrir e transmitir a mística de estarmos juntos, de mesclar-nos, de encontrarmo-nos, de tomarmo-nos nos braços..."(87).
  17. Volta a atacar os tradicionalistas ao falar de um "neo-pelagianismo auto-referencial e prometeico" inquebrantavelmente ligado ao estilo católico próprio do passado (94). Suposta segurança doutrinal ou disciplinar que dá lugar a um elitismo narcisista e autoritário, onde se perde energias para controlar (94).
  18. Faz outro ataque ao tradicionalismo quando diz que a mundanidade encontra-se em um cuidado excessivo da liturgia, da doutrina e do prestígio da Igreja, que prefeririam ser generais de exércitos derrotados (95).
  19. Promove a demagogia entre os jovens, quando lhes incumbe a necessidade de encarnar as novas tendências da humanidade, que nos abrem ao futuro(108).
  20. "Ser Igreja" é levar a salvação de Deus a este mundo, mas sem esclarecer de que devemos nos salvar ou que tipo de salvação seria essa (114).